segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

RESPOSTA AO GONDIM II

Estava escrevendo a segunda parte do argumento, quando li a interessante resposta do Gondim. Antes de postar o seguimento, me detenho um pouco e comento os pontos mais interessantes da resposta do amigo.

Segundo Stephen Hawking, por exemplo, sua origem se deu junto à origem da dimensão do tempo como o conhecemos (além das 3 materiais básicas, a 4ª, o tempo).

Isso de forma alguma invalida o princípio de causa, mas atrasa o xeque à credibilidade da ciência ortodoxa.

Preciso discordar, caro. A única coisa que se pode concluir racionalmente da constatação do Hawking é que essa manifestação físico-temporal não pode ter causa temporal (pelo menos relativa ao tempo como o conhecemos; chamemos de “t”). Uma vez que tratamos de um universo 4D (x), em que uma das dimensões é o tempo (t), não só podemos concluir que a causa de “x” está “fora de t”, como é absolutamente necessário que esteja.

Sinceramente, defender que a constatação de “t” como uma das dimensões do universo invalidaria o princípio universal da causa e efeito é tão precipitado e pueril que me causou até certa estranheza. Estranheza essa que logo se dissipou no seu post seguinte, onde vc recoloca as coisas no eixo lógico:

Em minha resposta ao post do Radha Nath, não aleguei que algo não desencadeou o Big Bang. Apenas informei que não havia a dimensão do tempo como o conhecemos antes dele. Isso não impede de haverem outras dimensões onde o tempo é relativo.

Exato. A verificação de “t” como a quarta dimensão da manifestação físico-temporal “x” passa muito ao largo de invalidar a necessidade da causasão universal. A bem da verdade, amigos, a única forma de invalidar logicamente a hipótese da causa necessária, sem sair pela tangente, é derrubando uma das premissas do argumento de Kalam. Fico no aguardo.

Ele existir (Deus), como uma figura, implicaria em ter uma origem. Radha Nath inclusive cita isso como premissa para seu texto. E a origem de Deus seria...?

Peço licença ao amigo para tratar do problema da pessoalidade/impessoalidade um pouco mais à frente na discussão, ok?? Para avançar em terreno pantanoso é preciso andar devagar. Ainda nem estabelecemos a necessidade da causa e já falamos de atributos...

Não posso, entretanto, deixar de comentar um ponto da sua assertiva que toca ainda a questão inicial, o problema das causas.

Destrinchemos com mais calma o que eu “realmente” disse:

- Tudo que tem um início tem uma causa.

Veja bem, eu nunca disse que é necessário que tudo tenha causa. Isso seria um disparate completo. Eu disse que tudo que INICIA TEM UMA CAUSA. Na realidade, é filosoficamente necessário que algo seja não causado, sob pena de caírmos em regressão infinita. A regressão infinita, buscar a causa da causa da causa da causa é tão asfixiante justamente pq não fecha as contas epistêmicas; trata-se de uma impossibilildade.

Eu disse que tudo que iniciou, foi causado. Atentemos às sutilezas. A fundamentação dessa posição filosófica está no meu comentário da premissa I no post anterior. Aos contendores, o caminho das pedras: derrubar a premissa I.

Só o que eu defendo no post anterior é que o universo mesmo (x), a realidade físico-temporal que conhecemos não pode ser o ” termo não causado” que resolve o impasse lógico da regressão infinita.

O problema central, IMHO, é a quem/que atribuir a posição epistêmica de ouro da filosofia. É necessário que algo resolva o impasse lógico da regressão infinita, é preciso que algo seja não causado, eterno, primeiro.

Quais a natureza dessa causa primeira?? Ela pode ser finita?? Pode ser físico-temporal?? Quais os atributos lógicos e filosóficos necessários???

Esse é o tema do meu post II... mas para seguirmos. preciso saber, amigos: Estamos convencidos de que um universo na formatação físico-temporal que conhecemos necessariamente teve causa???

Só peço um favor suplicante (rs) aos discordantes: enfrentem as premissas do argumento de Kalam; meu argumento é só esse, nada mais... tudo o que eu falei foi em defesa dele. Caso contrário, entraremos em argumentação circular, problema que acaba por viciar 90% dos debates por aí.

Saudações aristotélicas... hahaha

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