Estava escrevendo a segunda parte do argumento, quando li a interessante resposta do Gondim. Antes de postar o seguimento, me detenho um pouco e comento os pontos mais interessantes da resposta do amigo.
Segundo Stephen Hawking, por exemplo, sua origem se deu junto à origem da dimensão do tempo como o conhecemos (além das 3 materiais básicas, a 4ª, o tempo).
Isso de forma alguma invalida o princípio de causa, mas atrasa o xeque à credibilidade da ciência ortodoxa.
Preciso discordar, caro. A única coisa que se pode concluir racionalmente da constatação do Hawking é que essa manifestação físico-temporal não pode ter causa temporal (pelo menos relativa ao tempo como o conhecemos; chamemos de “t”). Uma vez que tratamos de um universo 4D (x), em que uma das dimensões é o tempo (t), não só podemos concluir que a causa de “x” está “fora de t”, como é absolutamente necessário que esteja.
Sinceramente, defender que a constatação de “t” como uma das dimensões do universo invalidaria o princípio universal da causa e efeito é tão precipitado e pueril que me causou até certa estranheza. Estranheza essa que logo se dissipou no seu post seguinte, onde vc recoloca as coisas no eixo lógico:
Em minha resposta ao post do Radha Nath, não aleguei que algo não desencadeou o Big Bang. Apenas informei que não havia a dimensão do tempo como o conhecemos antes dele. Isso não impede de haverem outras dimensões onde o tempo é relativo.
Exato. A verificação de “t” como a quarta dimensão da manifestação físico-temporal “x” passa muito ao largo de invalidar a necessidade da causasão universal. A bem da verdade, amigos, a única forma de invalidar logicamente a hipótese da causa necessária, sem sair pela tangente, é derrubando uma das premissas do argumento de Kalam. Fico no aguardo.
Não posso, entretanto, deixar de comentar um ponto da sua assertiva que toca ainda a questão inicial, o problema das causas.
Destrinchemos com mais calma o que eu “realmente” disse:
- Tudo que tem um início tem uma causa.
Veja bem, eu nunca disse que é necessário que tudo tenha causa. Isso seria um disparate completo. Eu disse que tudo que INICIA TEM UMA CAUSA. Na realidade, é filosoficamente necessário que algo seja não causado, sob pena de caírmos em regressão infinita. A regressão infinita, buscar a causa da causa da causa da causa é tão asfixiante justamente pq não fecha as contas epistêmicas; trata-se de uma impossibilildade.
Eu disse que tudo que iniciou, foi causado. Atentemos às sutilezas. A fundamentação dessa posição filosófica está no meu comentário da premissa I no post anterior. Aos contendores, o caminho das pedras: derrubar a premissa I.
Só o que eu defendo no post anterior é que o universo mesmo (x), a realidade físico-temporal que conhecemos não pode ser o ” termo não causado” que resolve o impasse lógico da regressão infinita.
O problema central, IMHO, é a quem/que atribuir a posição epistêmica de ouro da filosofia. É necessário que algo resolva o impasse lógico da regressão infinita, é preciso que algo seja não causado, eterno, primeiro.
Quais a natureza dessa causa primeira?? Ela pode ser finita?? Pode ser físico-temporal?? Quais os atributos lógicos e filosóficos necessários???
Esse é o tema do meu post II... mas para seguirmos. preciso saber, amigos: Estamos convencidos de que um universo na formatação físico-temporal que conhecemos necessariamente teve causa???
Só peço um favor suplicante (rs) aos discordantes: enfrentem as premissas do argumento de Kalam; meu argumento é só esse, nada mais... tudo o que eu falei foi em defesa dele. Caso contrário, entraremos em argumentação circular, problema que acaba por viciar 90% dos debates por aí.
Saudações aristotélicas... hahaha
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